Gripe e COVID-19 são doenças diferentes: a primeira é causada pelos vírus influenza; já a segunda pelo SARS-CoV-2. Além disso, a gripe é considerada de alto risco para crianças, já a COVID-19, neste grupo, raramente causa quadro grave. Mas as duas enfermidades têm algumas características em comum, veja no quadro.
Gripe e COVID-19 – Semelhanças
- Acometem o sistema respiratório e apresentam alguns sintomas iniciais parecidos:
- febre
- mal-estar
- dor de cabeça e/ou no corpo
- fadiga
- tosse
- calafrios
- São potenciais causas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), doença que leva à hospitalização, à internação em UTI e, em muitos casos, à morte.
Vacinação
As vacinas influenza NÃO protegem da COVID-19, MAS, nas pessoas vacinadas, evitam o surgimento da gripe e seus sintomas, ajudando o profissional da saúde na hipótese diagnóstica e na decisão por medidas de precaução e acompanhamento específicas para COVID-19, como a quarentena dentro de casa e a vigilância de sintomas e sinais de alarme.
! Em uma linguagem mais simples podemos dizer que a vacinação contra a gripe facilita o diagnóstico diferencial entre as duas doenças, logo, possibilita orientar melhor o caso e a adoção de medidas preventivas e terapêuticas mais assertivas e no tempo certo.
Por que é tão importante vacinar?
Para evitar o afastamento das atividades cotidianas, como a frequência à escola ou ao trabalho, por exemplo, e reduzir a sobrecarga adicional dos sistemas de saúde público e privado. E para prevenir outras complicações:
- a gripe pode evoluir de forma grave e até fatal;
- a maioria dos surtos acontece no período de outono e inverno, quando as temperaturas caem, mas o vírus influenza circula o ano todo e pode provocar vítimas;
- a gripe também pode contribuir para um aumento no número de casos de doenças respiratórias, com possibilidade de evolução grave, o que vai complicar ainda mais a frágil situação epidemiológica do Brasil causada pela pandemia de COVID-19.
Separamos alguns dados que mostram o impacto da gripe no Brasil e no mundo e como é importante estar protegido:
2020
No Brasil, ano passado, houve uma diminuição do número de casos de gripe devido ao uso de máscara e ao isolamento social para prevenção da COVID-19. Além disso, atingimos boas coberturas com a vacinação contra a gripe.
Ainda assim, os dados do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) mostram que foram notificados 2.585 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados pelo vírus influenza.
No gráfico a seguir é possível observar que a potencial gravidade da infecção por influenza se manteve alta, o que reforça a importância da vacinação, principalmente no contexto da pandemia. As pessoas mais acometidas pela SRAG integram a mesma população de risco para a COVID-19: idosos e aquelas que apresentam comorbidades.
Cuidado especial com crianças, idosos e portadores de doenças crônicas
- Crianças em idade escolar têm alta taxa de infecção (entre 15 a 40%) pelo vírus influenza. Têm também um risco maior (sobretudo as menores de 2 anos) de complicações como pneumonia, otite média, chiados, bronquiolite, de acometimento muscular e de manifestações do Sistema Nervoso Central, o que leva a uma alta taxa de hospitalização.
- Para os idosos a situação é ainda mais crítica, pois eles representam o principal grupo de risco para a gripe − no Brasil, a cada ano, a maior parte das mortes relacionadas com essa causa ocorre entre eles.
- Portadores de doenças crônicas também precisam estar atentos uma vez que a infecção por influenza pode agravar quadros de diabetes, hipertensão, cardiopatias, pneumopatias, entre tantas outras doenças preexistentes.
PREVENÇÃO DA GRIPE
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera prioritária a vacinação contra a gripe para:
- garantir maior proteção dos grupos de alto risco tanto para influenza como para COVID-19;
- reduzir a necessidade de atendimento em serviços de saúde onde também há risco de exposição ao SARS-CoV-2 (causador da COVID-19);
- diminuir a sobrecarga dos sistemas de saúde causada por pacientes com gripe;
- reduzir faltas ao trabalho de profissionais da saúde e de outros serviços essenciais;
- auxiliar no diagnóstico diferencial entre COVID-19 e gripe, já que, diante de uma pessoa com sintomas respiratórios, o histórico de vacinação contra influenza direciona tanto o diagnóstico como o acompanhamento mais adequado do paciente.
(Fonte: https://www.who.int/immunization/policy/position_papers/Interim_SAGE_influenza_vaccination_recommendations.pdf?ua=1)
Proteção contra a gripe
- Vacina trivalente: protege de 3 cepas do vírus influenza (duas cepas A – H1N1 e H3N2 – e uma cepa B). É oferecida gratuitamente nos postos de saúde para grupos prioritários do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
- Vacina quadrivalente: protege de 4 (duas cepas A – H1N1 e H3N2 – e duas cepas B). Disponível em clínicas privadas.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a vacinação contra a gripe para todas as pessoas a partir dos 6 meses de idade, preferencialmente com a vacina quadrivalente, por oferecer proteção mais ampliada.
O período de incubação do vírus influenza é muito curto (no máximo quatro dias), portanto, é muito importante se vacinar antes da estação da gripe chegar. Converse com o seu médico sobre a vacinação de toda a família.